[Livro] Violência Política - Ciro Marcondes Filho


Um livro pequeno e interessante.. No tempo que li me ajudou a esclarecer algumas coisas.

Trechos:

"As massas são apenas espectadoras: Esta é uma ideia muito difundida. As pessoas dizem "as massas não têm culpa, o povo não é responsável se o governo é ruim, pois o povo é bom", ou seja, não se pode culpar o povo pela incompetência do governo e coisas semelhantes. É aqui que começa a aparecer o primeiro problema. Povo e governo são dois elementos do conceito de poder. Correspondem, em Teoria Política,  à Nação e ao Estado. Durante muito tempo acreditou-se que o poder fosse um "lugar" (no sentido de "chegar ao poder", "toma o poder"), como um assento em uma locomotiva que conduzia o resto da sociedade. Esse conceito está hoje superado. poder não é um lugar mas uma relação entre pessoas: eu tenho poder, eu estou com o poder, eu posso. Só assim pode-se compreender modernamente a relação entre povo e governo: às vezes um governante "está no poder" (isto é, foi eleito presidente, por exemplo) mas não tem poder algum, pois perdeu o apoio das forças que o elegeram, ou do povo, e logo será destruído. O poder, de fato, só se realiza quando há apoio efetivo, especialmente do povo."

"Na política, costuma-se distinguir entre "massa" e "público". Massa = comportamento submisso, manobrável por uma liderança carismática ou autoritária."

"Uma vez no poder, o objetivo dos dominantes é destruir tudo aquilo que caracterizou também a cultura (ou seja, a memória) do governo anterior. Trata-se de aniquilar a produção artística, a produção cultural, de interferir na vida cientifica, na política de saúde, ambiental, econômica, em suma, em toda parte. Onde a violência politica transcende o espaço puramente politico e se transforma numa violência generalizada, numa forma de ação contra tudo o que havia sido feito antes."

"Havia o mito que o mundo era dividido por duas grandes ideologias: Capitalismo e Socialismo. Mas na realidade politica não funciona exatamente assim, essa divisão funciona mais como um "álibi". Quando são acusados de exercer politicas imperialistas, declaram "não estamos querendo dominar, queremos preservar a ideologia de livre empresa". Neste fundamento, invadem outros países, derrubam poderes, instigam subversão, patrocinam golpes de estado e atos semelhantes."

"As bombas nucleares não são para ser usadas, e sim, para dizer que as possuem, resultando numa chantagem por ser mais forte."

"Quando um assunto chega ao senado para ser discutido, antes ele é debatido entre os políticos em OFF, só vão a público por uma questão de formalização, ao chegar lá, só apresentam o que já tinham combinado (Ao chegar lá o resultado é mais ou menos o esperado)."

"O estilo era o de "martelar" os estereótipos, ou seja, aquelas frases prontas Que  as pessoas tem na cabeça e que esperam somente confirmação."

"Diz-se, por exemplo, que nos EUA o presidente não governa, ele é apenas uma figura secundária. Isto porque o fato de ser do Partido Democrata ou do Partido Republicano faz pouca diferença.
O presidente que for eleito atenderá às pressões de grupos de poder, e a orientação que o pais no fim acabará tendo será a de satisfazer a esses grupos que já possuem o poder. O presidente funciona mais como figura para a opinião publica e se diferencia muito pouco."

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